terça-feira, 25 de agosto de 2020

Sociedade Civil conquista Audiência Pública: PEC da Privatização da Natureza

 

Parque Estadual de Itapuã, em Viamão/RS, patrimônio publico, corre o risco de ser entregue a exploração do capital  privado. Foto: Antonio Soler/CEA.

A Sociedade Civil organizada conquistou uma pequena, mas importante vitória hoje pela manhã, 25.08, na Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa do RS (AL/RS). Trata-se da Audiência Publica Para Debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de nº 284 /2019, que altera a redação do artigo 259 da Constituição estadual, retirando o caráter de inalienabilidade (venda, empréstimo, concessão, ou seja, algo que não pode ser negociado) das Unidades de Conservação (UCs), permitindo assim, sua exploração pelo capital, retirando as garantias constitucionais que revestem esses espaços territoriais gaúchos protegidos por lei, áreas de significativa importância ambiental.

Após a mobilização das ONGs da Assembleia Permanente das Entidades de Defesa do Meio Ambiente do RS (APEDEMA) e de instituições, movimentos e pessoas que integram o Fórum em Defesa da Democracia Ambiental (FDAM), a Comissão citada aprovou o requerimento do Deputado Fernando Marroni (PT), por 9 x 1, para que seja realizado um debate com a sociedade gaúcha e instituições publicas e cientificas, que deve acontecer dentro de 15 dias e será realizada de forma remota, devido a pandemia do coronavirus.

Para nos, do Centro de Estudos Ambientais (CEA), privatizar as Unidades de Conservação (UCs) é privatizar a vida!! As UCs são áreas de grande relevância ecológica (e social, por consequência) e/ou altamente preservadas e protegidas por lei. Os Parques Estaduais de Itapuã, de Itapeva, do Turvo, do Delta do Jacuí, do Delta do Camaquã e do Espinilho, alguns exemplos de UCs,  são raridades dos biomas gaúchos (Mata Atlântica e Pampa), ainda carentes de pesquisas cientificas e proteção. São os últimos refúgios da vida natural, em muitos casos, o que ainda escapou da degradação ambiental.

Só a luta ecológica organizada pode resistir ao avanço da política neoliberal, que esta degradando a natureza e levando ao colapso ambiental global.

Segue o link da reunião da Comissão de Assuntos Municipais da AL/RS: https://www.youtube.com/watch?v=s7lxF2IHrYc

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Assim como Bolsonaro, Leite quer privatizar a vida

 

Parque Estadual de Itapuã. Viamão/RS. Foto: Antonio Soler/CEA.

Parque Estadual de Itapuã. Viamão/RS. Foto: Antonio Soler/CEA

Atual governo do estado, na sua sanha ultra neoliberal, segue uma lógica no qual tudo que é público não presta e deve ser privatizado, o que, na maioria dos casos, significa entregar, quase que de graça (e as vezes ainda financiado pelos bancos públicos) o patrimônio público, que é de todos, para o setor privado, para mão de poucos, concentrando ainda mais renda, num pois com uma brutal desigualdade social.

Além da CEEE, BANRISUL, CEITEC e outras, o PSDB do RS, e seus apoiadores, agora também pretendem privatizar as Unidades de Conservação (UCs). Privatizar a vida!! Sim, porque as UCs são áreas de grande relevância ecológica (e social, por consequência) e/ou altamente preservadas e protegidas por lei. Verdadeiras raridades, não poucas vezes também belas, dos biomas gaúchos (Mata Atlântica e Pampa), ainda carentes de pesquisas cientificas, como os Parques Estaduais de Itapuã, de Itapeva, do Turvo e do Delta do Jacuí, mais conhecidos; e do Delta do Camaquã ou do Espinilho, menos conhecidos. São os últimos refúgios da vida natural, em muitos casos. O que ainda escapou da degradação ambiental.

Mas para privatizar a vida, a natureza, é preciso subverter a lógica de uma Constituição elaborada, diferentemente de hoje, da forma mais democrática que a vida republicana já produziu. Nesse sentido, o governador, cabo eleitoral e apoiador do presidente que deixa queimar a Amazônia e o Pantanal, enviou a Assembleia Legislativa do RS (AL/RS), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de nº 284 /2019, que altera a redação do artigo 259 da Constituição estadual, retirando a seu caráter de inalienabilidade (venda, empréstimo, concessão ou seja, algo que não pode ser negociado), permitindo assim, sua concessão e tudo mais ao capital, o que retira as garantias constitucionais que revestem as UCs gaúchas, áreas de significativa importância ambiental.

Ademais, o método empregado, novamente é extremamente autoritário, como aconteceu com o brutal retrocesso ambiental, no inicio de 2020, quando o governador do estado (PSDB) sancionou um Projeto de Lei (PL), também de sua autoria e de viés ultra neoliberal e autoritário, que desmontou o Código Estadual de Meio Ambiente (CEMA), retirando, p. ex., a imunidade de corte das figueiras e corticeiras, promovendo uma terceirização disfarçada da gestão ambiental e criando o inconstitucional auto licenciamento ambiental, colocando claramente preceitos econômicos acima dos ambientais.

Ao contrário de cumprir seu dever público ambiental, o governo ultra neoliberal do RS, sem debate dentro do fórum legal devido, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), órgão superior do Sistema (SISEPRA), de caráter deliberativo e normativo, responsável pela aprovação e acompanhamento da implementação da Política Estadual do Meio Ambiente, procura se livrar de sua obrigação constitucional de proteger e implantar UCs, ao mesmo tempo que atende aos interesses capital que lhe bancou e lhe banca, entregando o que há de mais valiosos e protegido dos biomas gaúchos ao mercado, cujo objetivo único é o lucro a acima de tudo, inclusive da vida, como temos visto em diversos casos, como na privatização da agua, onde as pessoas ficam sem acesso a esse elemento natural fundamental para a sobrevivência, como no Chile e na Bolívia.

Ora, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que cria diversas categorias UCs, já previu a possibilidade para, aquele que pretende explorar economicamente uma área de relevância ambiental associada a sua proteção, que o faça através das Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), entre outros tipos de UCs, que servem para tanto. Ou seja, não há nenhuma necessidade legal de alterar a Constituição gaúcha para que o capital desenvolva atividades que visem lucro na área ambiental. Basta, como todo negocio capitalista, adquiri uma propriedade para tanto e investir nela.

E, se a ideia do governo do estado é privatizar atividades meios, como segurança, limpeza, serviços de alimentação, etc... também não há necessidade mudar a Constituição, pois já há base legal para fazê-lo. Mas não, o que o governo pretende é realmente entregar tudo de melhor ambientalmente, socialmente e economicamente, em termos de UC, para o setor privado, inclusive a atividade fim que é a proteção ambiental. Numa Estação Ecológica, como o Taim, p. ex. na qual tal categoria proteção integral tem por fim, exclusivamente, a “ preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas”. Que tipo de capital será atraído e sob qual argumento para essa categoria de UC? Ou essas categorias ficarão sem investimentos e, por consequência, os devidos cuidados estatais?

A privatização, como o nome já indica, priva as pessoas dos seus direitos fundamentais, no caso o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Assim, é que, nesse e em muitos outros aspectos, o governo do estado em nada se diferencia do governo federal, denunciado por genocídio no Tribunal Internacional de Haia e de acusado de ecocida pelo movimento ecológico internacional e brasileiro. Assim como o governo do PSDB no RS o governo federal autorizou via decreto, na semana passada, a privatização dos Parques Nacional de São Joaquim e de Brasília, ambos criados em 1961.

Se, o governo do RS atual fosse democrático e respeitasse as leis ambientais, deveria parar imediatamente a tramitação dessa PEC da privatização da vida, colocar tal proposta neoliberal em debate no CONSEMA e promover audiências publicas pelo RS, envolvendo os colegiados ambientais municipais e outros conexos ao tema, como os Comitês de Bacia, especialmente nas Bacias onde se localizam as UCs, além de incluir outros poderes, como os parlamentos locais e setores da sociedade civil, notadamente aqueles não ensandecidos pelo lucro. Mas, esse governo já demonstrou que democracia, o cumprimento da lei ambiental e o cuidado coma vida não é o seu ponto forte.

Grande parte de governos onde as economias neo liebrais dominaram, estão, em meio pandemia, alegando uma necessidade de mudar essa logica e buscar alternativas onde a natureza seja protegida, como o chamado New Green Dial. Ou seja, grande parte do mundo ja percebeu que o neoliberalismo provoca mortes e danos a natureza, comprometendo os princípios básicos da civilidade e equilíbrio natural.

Aqui, as politicas ultra neoliberais dos governos municipal de Pelotas, estadual do RS e federal nos fazem caminhar na direção contraria, do retrocesso, Da barbárie social e ao colapso ambiental.

Nos cabe a luta ecológica, como de costume!!!

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Obra Anunciada Ameaça o Pontal da Barra


 

Uma placa de propaganda anunciando uma nova obra na orla da Laguna dos Patos, no Laranjal, em Pelotas/RS é a mais recente ameaça ao ecossistema do Banhado do Pontal Barra, protegido por lei e, recentemente, também por uma decisão na Justiça Federal.

No local, à beira da Laguna dos Patos, junto a área de preservação permanente (APP) há propaganda de venda de casas de “alto padrão”, a 300 metros da praia. Placa não menciona o licenciamento ambiental e nem outra autorização legal.

O CEA recebeu imagens (abaixo) de seus colaboradores/as da praia que se surpreenderam com uma obra na área úmida do ecossistema do Pontal da Barra, espaço de grande importância ecológica e histórica para a cidade e região, que guarda significativa diversidade biológica, protegida pelo Direito Ambiental.

Estamos buscando, junto aos órgãos ambientais responsáveis, esclarecimentos e as devidas providencias.






O Pontal da Barra (ainda) é um ambiente natural, além de importante para a proteção do patrimônio natural, como já demonstrou o movimento ecológico e foi reconhecido pelo Poder Judiciário, além de ser extremamente relevante para o patrimônio arqueológico, como já demonstrou a UFPel.

Por outro lado, também é disputado para quem dele não necessita e, também, para quem tem esse ambiente como fundamental para a sobrevivência. No primeiro grupo estão os que buscam sempre acumular capital, como os grandes do mercado imobiliário. No segundo grupo estão os pescadores artesanais. Ainda existem os que desejam o Pontal para lazer, turismo, caça e pesca.

A manutenção do ecossistema do Pontal da Barra o mais protegido possível, não é só benéfico para os pescadores artesanais, mas para toda a população de Pelotas e região. Destruí-lo para ocupação urbana só interesse aos mesmos especuladores de sempre (porção ínfima da população), que ha muito ganham com a exploração das pessoas e da natureza.

Há anos o CEA vem tentando, junto com outros parceiros de luta ecológica, construir uma politica para a proteção das áreas úmidas (várias propostas foram elaboradas e apresentadas), que sofrem não só com a especulação imobiliária, mas também com queimadas recorrentes.



 

Historia Ambiental

Dentro da proposta e, principalmente, do compromisso do CEA com o direito de todes à Informação Ambiental, procuramos manter (com muitos desafios) e disponibilizar publicamente e de forma gratuita um acervo digital de documentos a respeito da historia ambiental e a indissociável luta ecológica (via educação, direito e, sobretudo, politica ecológica), com nossa visão critica.

No inicio dos anos 90 foi anunciado um loteamento no banhado do Pontal da Barra e posteriormente vários outros projetos como parque temático e hotel e, ao longo de três décadas o movimento ecológico local e seus apoiadores como, inicialmente, o Movimento Abraço a Lagoa e, mais recentemente, o Pontal Vivo, SOS Laranjal e o Fórum de Defesa da Democracia Ambiental (FDAM), vem lutando pela proteção daquela área úmida junto a Laguna dos Patos e o Canal São Gonçalo, divulgando sua importância ambiental e buscando a garantia da aplicação da lei ambiental, através do Ministério Publico (MP), da Câmara de Vereadores, do Judiciário e, sobretudo, do Conselho Municipal de Proteção Ambiental (COMPAM) que é órgão colegiado, deliberativo, fiscalizador e normativo, integrante do sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e instância superior para o estabelecimento da política ambiental do município.

Abaixo uma noticia publicada em 1994, que trata do corte de corticeiras-do-banhado, espécie imune ao corte até o inicio desse ano de 2020, quando o governo de estado do PSDB e sua base aliada na Assembleia Legislativa, em nome da sua politica neoliberal, proporcionaram um brutal retrocesso ambiental, aprovando uma nova versão do Código Estadual de Meio Ambiente (CEMA).




Trata-se de mais uma, de tantas agressões ao ecossistema nativo do Pontal da Barra, formado, notadamente, por matas e banhados, tão fundamental para populações oprimidas e para a diversidade biológica.

Fato é que, a degradação do ambiental do Pontal da Barra só interessa ao capital poluidor que aprofunda a injustiça e o racismo ambiental.

A informação ambiental ao alcance da população é fundamental para a democracia ambiental.

Ajude a informação ambiental chegar mais longe e colabore com a luta ecológica pela proteção do Pontal da Barra.

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