Hoje, Dia da Árvore, 21 de Setembro, o movimento ecológico reafirma o alerta dos impactos sociais e ambientais da monocultura de arvores, indevidamente chamadas pelos os que lucram com esse negocio de “florestas plantadas”. De fato, são desertos verdes, pois ali não há vida de maneira diversa, como num ambiente natural, pois é impossível faze-lo. Uma floresta é resultado de processos conexos da natureza por centenas de anos.
Dessa forma, lembramos o livro Eucalipitais- Qual Rio Grande do Sul Desejamos?, organizado por Althen Teixeira Filho, em
2008, mas ainda atual, que trata de aspectos da monocultura de árvores no bioma
Pampa, o segundo mais degradado (já perdeu em torno de 60% da sua cobertura
original) do Brasil e o com menor área protegida (em torno 0,4%) (MapBiomas,
2021).
“O governo do RS assombra os gaúchos
com as mesmas atitudes protecionistas para quem vem de alhures, contudo,
castiga com intolerância, falta de diálogo e criminosa violência os movimentos sociais
gaúchos, legitimamente constituídos e de notória representatividade social.
Marca a história pampeana, de forma insustentável e contrária ao interesse
público, uma administração isolada e com tanta subserviência ao interesse
privado, a ponto de trocar o meio ambiente pelo lucro de outros. E os
administradores do Piratini não andam sós, pois têm a companhia da imprensa
comercial, que repete em alto e bom tom as lorotas e bravatas empresariais.
Já o Ministério Público, frente a
estes acontecimentos, tem-se apresentado particularmente desinteressado e
inábil para fazer valer, de forma célere, seu poder-dever constitucional de
tutelar o meio ambiente e, assim, barrar o avanço das papeleiras no seu aspecto
social e ambientalmente degradante. Entretanto, coincide com a elaboração desta
"Introdução" o afastamento de mais um titular da Secretaria do Meio
Ambiente do atual governo e a decisão de magistrados de que o "Zoneamento
Ambiental" válido é o que considera os índices de restrição elaborados
pelos técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente, e não o pseudozoneamento
aprovado de forma irregular, na calada da noite do dia 9 de abril de 2008,
corroborando que este governo não tem e nem sabe o que é uma proposta de
política ambiental.
Nosso hino canta que “Sirvam nossas
façanhas de modelo a toda a terra...”! Mas que façanhas são estas que nos
oferecem? Até quando estaremos reféns deste grande esquema que desconsidera as
leis, a democracia, a vocação local, a policultura, as pequenas economias
sustentáveis dos mercados locais e a biodiversidade, tão rica e negligenciada,
constituída pelos biomas brasileiros, em especial o Pampa? Países emergentes
como o Brasil, que não rompeu a dependência desse cassino financeiro das
commodities, como no caso da celulose, agora poderá ter a chance de refletir e
estancar a sangria dos bilhões dos cofres públicos, via BNDES, para regar estes
projetos de pseudodesenvolvimento, que favorecem os de sempre. É necessário,
por parte da sociedade, o debate, a indignação, o engajamento, a proposição, a
articulação e a luta pela defesa de nossos valores gaúchos, brasileiros, da
sociobiodiversidade e da verdadeira sustentabilidade da vida, em suas mais
variadas formas e se sobrepujando ao capital, mas não o contrário.”
Na publicaçao encontram-se diversos artigos sobre os impactos da monocultora de eucaliptos no Bioma Pampa, inclusive um elaborado pelo CEA: "Cultivando a flexibilização do Direito Ambiental, colhendo monoculturas: o Pampa em contraste com a monotonia" (pag. 167).
21 de setembro
Dia Internacional de Luta contra Monocultivos de Árvores
Rede Alerta contra os Desertos Verdes
Mais em:
https://centrodeestudosambientais.wordpress.com/?s=deserto+verde
https://alertacontradesertosverdes.org
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